segunda-feira, 13 de julho de 2009

Impressões por Silvia

Bom, meu maridinho lindo fala que eu abandonei nosso blog. Ele tem razão.

Faz um tempão que não passo por aqui, ando com muita coisa na cabeça e sem muita paciência para parar e escrever algo. Outra questão é que a rotina se instalou e como escrever no blog não faz parte da minha rotina acabou ficando pra depois.

Vou falar de algo bem mundano. Minhas impressões nestes dois anos de Canadá. O Gleydin já fez a sua bastante abrangente comparação entre os dois países. Nosso amado verdelindo e nosso escolhido Canadá. Minhas impressões serão mais pessoais e poderão aborrecer muita gente. Já me desculpo por antecipação, aos que acompanham o blog desde o começo sabem que minhas intenções sempre foram colocar minhas impressões pessoais. Aos nossos novos leitores, vocês irão notar uma diferença talvez gritante no estilo e abordagem.

Comida

Adoro este tópico, além de ser muito amplo e pessoal, é gostoso. Digo e repito, não tenho problemas com esta criança. ‘Tá certo que abril e maio foram meio sofridos para mim, mas por motivos outros. Tenho a minha panela de pressão pra fazer feijão quando estou com paciência. Sinto falta sim de frituras, do bolinho de bacalhau, bolinho de arroz, bolinho de batata, croquete, pastel... mas todos estes eu sei fazer, só não faço pela danada da cozinha americana. Sempre detestei ficar com a casa cheirando a comida, cado louco com a sua mania.

Confesso que ultimamente estou preferindo comer em casa, fazer uma comidinha simples mesmo do que sair pra comer. Bate aquela vontade de comer um carreteiro, uma galinhada... Isto tudo sei e bem direitinho (perguntem para o Gleydin), mas se não fizer a vontade também passa.

Quanto a qualidade das coisas. Carnes e leites são mais gostosos no Brasil, sem dúvida. Agora descobrimos um leite orgânico e local (caro pra chuchu) mas que é mais gostoso. Descobrimos também um restaurante vietnamita que faz arroz com peixe frito, muito bom, dá até pra enganar.

Falando de frutas a coisa já muda de figura, infelizmente no nosso Brasil o melhor vai para exportação. Credo, como as frutas no Brasil estão feias, não me deu vontade de comer nem maçã quando estava lá. Verdade que na feira em São Paulo as coisas já melhoram muito, mas fiquei lá só 2 dias, então não deu pra matar a saudade ou apagar a má impressão do Sacolão e do Supermercado. Confesso que matei a saudade da banana prata, a única que gosto.

Saúde

Ah! Minha saúde...

Bom, aproveitando a oportunidade de falar sobre saúde vou dar a notícia. Estamos grávidos e saltitantes.

Como sempre falo para o Gleydson, “não sei se a gente dá muita sorte ou o pessoal quer um psicólogo no lugar de um médico” (desculpem a franqueza). Até agora não tenho do que reclamar dos nossos médicos.

Eu sempre fui acostumada a ter um clínico geral no Brasil, então o fato de não me mandarem ou não poder escolher um especialista livremente não me incomoda. Meu médico em Uberlândia já me tratou de picada de inseto, crise de sinusite, infecção respiratória, vômitos, insônia e por aí vai. Quando ele não conseguia resolver o problema ele me mandava para o especialista (ex.: remover minhas amídalas).

Quantas vezes no Brasil já fui em especialista ruim e “genérico” bom, então não reclamo não. Já tive que usar o SUS da pátria amada e, cá entre nós, ainda bem que existe! Mas não dá pra comparar o SUS com o plano de BC (que não é gratuito pra quem pode pagar). Digo ainda bem que existe porque no SUS não se dá aspirina pra paciente de câncer e manda ele pra casa porque ele não tem plano de saúde (coisas que acontecem no nosso vizinho aqui do sul).

Estou fazendo o meu pré-natal aqui. Muito tranquilo. As brasileiras amigas minhas ficam doidas quando eu falo que o padrão aqui é um único ultrassom entre 18 e 20 semanas de gravidez, onde eles já fazem o morfológico. Confesso que eu também estranhei, queria saber se estava tudo bem, se o neném estava se desenvolvendo. Minha médica é brasileira, então ela pediu um ultrassom com 9 semanas pra ver como estavam as coisas e averiguar a idade do até então embrião (agora ele foi promovido, já é feto).

Quanto a impossibilidade de fazer cesariana. As coisas não são bem assim, eles não te dão a opção de cesariana, mas se der qualquer complicação eles abrem e arrancam o bebê lá de dentro mesmo. Temos a opção de um parto 100% natural (acho que não consigo) ou com uso de anestesia, gás do riso, entre outros analgésicos, e isto é escolha da mãe.

Não é como nos EUA, pelo menos não no hospital que eu vou ter o neném. Nada da família inteira assistindo a tu te estribuchar. Mais uma vez a escolha é da mãe, se ela quiser o pai do neném pode estar presente (o que eles aconselham), além do pai, ela pode ter mais um adulto a sua escolha. Digo adulto porque se você tiver outros filhos e quiser que eles participem não há restrição nenhuma, mas repito, a escolha é da mãe (desculpa papai).

No mais graças a Deus somos muito saudáveis, logo nunca tivemos problemas. As chamadas “walk-in clinics” normalmente têm uma espera de 20 a 30 min. Nunca enfrentei mais que isto e sempre fui muito bem atendida.

Idioma

Não tenho problemas com esta criança. Sei que é bem complicado para as pessoas que chegam aqui sem falar nada, mas minha dica é a seguinte: não tenha medo de errar. Errando a gente aprende. Agora estou numa fase de pegar as sutilezas das coisas. Coisas que são certas gramaticalmente mas soam mal pra caramba no ouvido dos nativos.

Outra questão interessante é que o sotaque aqui de Vancouver é bem diferente dos que eu já conheci nos Estados Unidos. É engraçado ver eles não entendendo americano, australiano e britânico, me sinto até bem! kkkk...

Adoro línguas e sempre fui fascinada pelo inglês, ou seja, sem traumas ou reclamações. Diria que melhorando a cada dia. A parte que me deixa um pouco nervosa é filtrar as ligações que vão para o meu chefe. Quando as pessoas chegam a mim muitas vezes já estão estressadas pela recepção ou pelo simples fato de não conseguirem falar direto com ele. Já tive que dar uns esculachos numas figuras, é brabo fazer isto em outra língua, mas acabou dando certo.

Trabalho

Só duas observações:
1. Gosto do meu trabalho; e,
2. Prefiro chefe canadense.

Finaleira

Escolhemos esta cidade para viver e estou feliz com a nossa escolha. A vida pode nos levar para outros lugares, mas me sinto em casa. Quando vou ao Brasil tenho muita vontade de voltar para a casa (nosso apartamentozinho), aqui me sinto feliz e aceita.

Estou construindo boas amizades e morro de saudades das que ficaram no Brasil. A família vai ser meu calcanhar de Aquiles eterno, não dá pra não sentir falta e lamentar a distância de vez em quando. A saudade aperta tanto que até doi, mas só fazer minha mãe aprender a usar o computador já valeu a pena a mudança.

Trazer nosso neném ao mundo sem apoio próximo assusta, mas também não apavora. Ou sou doida ou muito tranquila mesmo, não acho que seria muito diferente se estivéssemos no Brasil, afinal nunca moramos próximos aos nossos pais. Sempre fui da opinião que quem tem que cuidar de filho é pai e mãe, aqui apenas não teremos outra escolha.

Uma pergunta que ouço muito: "Tu vais ter o teu filho no Brasil ou no Canadá?" Gente, não tem nem que perguntar. Minha vida é aqui. Além de eu ter que me acostumar com as coisas como elas são aqui tem o fato de que a criança adquire dupla nacionalidade imediata. Se nascer no Brasil, tem que passar por todo o processo de imigração, já que não somos cidadãos canadenses.

Até a próxima só Deus sabe quando.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa que felicidade,parabéns Sílvia e Gleydson,que essa criança venha trazer mais alegria na vida de vocês.
Abração ,e não parem de escrever ,o blog tá ótimo.

Lu e Mar disse...

Parabéns aos papais! Que esta criança venha trazer muita felicidade para vcs.
Silvia, quero dizer que te entendo perfeitamente quanto à demora para postar...rs... eu tb não tenho tido muita paciência para postar e Marcelo acha que eu abandonei o blog...rs..
Adorei suas impressões... Realmente não há como comparar os dois países sem que um fique "comprometido"...rs... mas é a realidade!!!!

Abraços!
Luciana

rav disse...

Amém. Milagre. A Sissi escreveu. Adorei o texto. Bjosssssssss

Chocólatra disse...

PARABÉNS pelo bebê!!!!!!!!!!!!!!!!
Que gostoso ouvir vcs falarem assim com esse carinho de Vancouver!!! quero me sentir assim tb daqui a 2 anos!
Que o bebe traga muits felicidades!!!
bjkas

Eliane disse...

Oi Sílvia e Glaydson, que notícia boa.
fiquei um tempinho sem passar por aqui e já tem essa grande novidade.
Tudo de bom. Adoro o blog, foi um dos primeiros que comecei a ler a desde que vcs começaram o blog.
Bjcas e muitas felicidades.
Eliane